A presença do esporte na escola é uma história repleta de tenções e tensões. A sua predominância sobre outros conteúdos no interior da Educação Física é também o resultado de planos e intentos, dada a sua adequação ao projeto de formação de homens aptos à disputa, numa sociedade em que a alegria e a felicidade não estão disponíveis para todos. Essa predominância, porém, é tensa. Há um conjunto de críticas lançadas sobre o esporte, questionando desde a sua incompatibilidade com espaços e valores educativos, tomados de forma genérica, até a continuidade de sua existência em outra forma de organização social. Este estudo participa desse jogo tenso e questiona: como o esporte – forma cultural que ritualiza elementos fundamentais da sociedade capitalista – pode participar de um projeto político-pedagógico emancipatório? Em busca das respostas, o autor lançou mão de uma pesquisa bibliográfica e de um estudo de caso envolvendo análise de documentos, observação de aulas e realização de entrevistas e seminários com professoras de uma escola pública, tomando como categoria analítica básica o par dialético realidade-possibilidade. A possibilidade real, concreta e de essência de o esporte ser partícipe de um projeto emancipatório está, sobretudo, na sua ampla oferta, na sua prática como objeto de reflexão e na transformação de sua dinâmica, essencialmente competitiva e aparentemente lúdica, para uma outra, qualitativamente distinta, essencialmente lúdica e aparentemente competitiva.