Nas sociedades capitalistas contemporâneas a vida social é marcada por desigualdades de gênero, raça/etnia, geração etc., historicamente construídas. Este livro busca compreender os debates recentes sobre a pertinência de políticas de discriminação positiva que demonstram que buscar um futuro de igualdade entre cidadãos e cidadãs em estados democráticos supõe uma compreensão mais cuidadosa de um passado e de um presente de desigualdades marcantes. A solidariedade entre os povos se reforça à medida em que partilham combates contra a discriminação objetiva de grupos sociais claramente identificáveis. A novidade de nossa proposta é trazer temas fundamentais da contemporaneidade numa perspectiva de interseccionalidade de gênero, raça e classe, para examinar, simultaneamente, o que tem sido pensado sobre os descendentes de africanos e indígenas que vivem em diferentes continentes, e o sentido das mobilizações com base na condição de negros/as e indígenas para liquidar com as estigmatizações racistas e sexistas, e contribuir para promover a mobilidade social e aumentar a liberdade de decidir sobre os destinos coletivos. O estudo da condição da população negra e indígena no espaço social se refere tanto à objetivação da posição relativa dessas populações, perceptível através de mapas e tabelas estatísticas, quanto às representações sobre essa posição relativa na totalidade social e na memória histórica ou fundada em cosmologias religiosas provedoras de imagens da diáspora de afrodescendentes.