O conjunto de textos que compõe este livro provê uma importante contribuição coletiva ao estudo das Relações Internacionais no Brasil. Cada um deles dialoga com importantes literaturas teóricas contemporâneas, discute hipóteses empíricas estabelecidas na disciplina e apresenta referências históricas também importantes para a atualidade da nossa área de conhecimento. Trata-se de uma publicação digna de nota, fortemente ancorada no estado da arte da disciplina e, ao mesmo tempo, orientada para os seus prováveis caminhos futuros. O resultado é trazer mais uma lufada de ar fresco para os estudiosos de RI em nosso país. Sabemos que a disciplina, sob o influxo dos novos pensamentos de diferentes áreas do conhecimento, tornou-se um espaço marcado por um crescente pluralismo teórico e epistemológico. Uma das consequências dessa expansão das RI é o reconhecimento de uma permanente interação entre a produção de conhecimento e a invenção de mundos possíveis: conceitos, teorias e processos históricos estão profundamente intrincados. A outra consequência, que é exatamente o que podemos chamar de "polifonia", tem sido o reconhecimento de uma situação de conflito irresolúvel ou, melhor dizendo, de diferença radical entre as inúmeras perspectivas teóricas sobre a realidade internacional. Atando as duas pontas, teremos no futuro um diálogo mais plural entre os diversos campos do conhecimento que nutrem a produção específica sobre as relações internacionais e, ao mesmo tempo, uma maior abertura intelectual frente às diferentes tradições teórico-epistemológicas capazes de fomentar um diálogo crítico dentro da disciplina. Saudemos, portanto, a publicação do livro Relações Internacionais para um mundo em mutação: policentrismo e diálogo transdisciplinar, pois cada um dos seus textos enfrenta as intensas transformações do mundo contemporâneo levando em conta o que há de mais atual nas diversas literaturas de RI.