A narrativa dominante do Cristianismo, feita pela Igreja Católica e pelos setores conservadores evangélicos, é contra os direitos reprodutivos da mulher. Este livro tem como objetivo conceder um espaço para múltiplas vozes marginais dentro da fé cristã que (re)pensam essas questões e outras a partir de uma epistemologia do cotidiano. É uma contra-narrativa que diverge do senso comum cristão, seja ele católico, protestante tradicional ou seus múltiplos perfis do campo evangélico como grupos pentecostais, evangelicais e midiáticos. Sandra Duarte de Souza relata conversas acerca da violência, estupro marital e expressões de espiritualidade com um Deus cúmplice para compreender e encarar todo este sofrimento e luta. Ivone Gebara questiona em seu texto o porquê de as religiões monoteístas legislarem tanto sobre os corpos das mulheres e quais são os poderes e crenças em jogo. Odja Barros, com a hermenêutica feminista da Bíblia, expande os horizontes textuais e abre portas e janelas para que os ares sejam renovados na tradição cristã. Nos caminhos das pedras e prazeres de ser mulher é que a luta pela descriminalização do aborto é costurada. Lusmarina Campos Garcia entende que essa luta diz respeito à igualdade de gênero e traz uma compreensão a partir de um referencial bíblico-teológico para a questão.