Qual e o espírito da decisão médica no mundo contemporâneo? A resposta seria o bem-estar dos pacientes, o pilar dos princípios da medicina. Mas, apesar de a ciência e a técnica nos darem condições para tal, nossa realidade é determinada por esses princípios? Nas últimas décadas, os médicos e a própria prática médica tem passado por mudanças tanto do ponto de vista tecnológico, como das características subjetivas do trabalho médico. Porém, parece estranho notarmos que, mesmo em situações em que as condições são satisfatórias – como remuneração e acesso a avançadas técnicas da medicina –, há uma certa aura de insatisfação para com a profissão médica. Indo um pouco mais longe, o exercício da prática médica vive hoje, como num paradoxo, um ambiente de profundo mal-estar. O conteúdo deste livro, "Renúncia à arte" (selo Escrituras Médicas), do Dr. Ricardo de Menezes Macedo , é resultado de sua tese de doutorado, que investiga o papel dos princípios da medicina no mundo atual, na contemporaneidade. O que agora é publicado em livro é um convite para a reflexão sobre a medicina, mas também para além dela. É formado por impressões muito pessoais, mas que, como determina a prática médica, são também sustentadas em extensa pesquisa na literatura médica. Segundo o autor, “a clínica nos fornece alguns parâmetros para a tomada de decisões. Mesmo que um diagnóstico já esteja formulado, ou mesmo após iniciarmos a propedêutica ou a terapêutica, sempre nos colocamos em alerta para outras possibilidades de intervenções. Observar, ainda que aparentemente as conclusões já se avizinhem, é o imperativo da clínica, ou da arte médica, como dizia Willian Osler (1901).”