O livro é uma viagem por um tema apaixonante. Quando tratamos de responsabilidade civil do Estado, muitas vezes temos que confrontar a secura dos textos jurídicos com as situações materiais que reclamam soluções justas. O tema abordado por Luciana Browne é, sem dúvida, uma das questões mais cruciais e complexas no domínio do direito contemporâneo. A história da responsabilidade do Estado reflete as transformações sociais, políticas e jurídicas ao longo dos séculos, mas também a sua íntima ligação às nossas representações de justiça social, de direitos dos cidadãos e de deveres do Estado. É esta jornada histórica que a tese percorre, desde as suas origens modernas até às complexidades contemporâneas, acompanhando o modo como as mudanças nas concepções de Estado e de justiça social, de ciência e de metodologia jurídica moldaram o instituto. Podemos assim conhecer as transformações na legislação e os casos paradigmáticos que marcaram a jurisprudência em diferentes épocas, em Portugal e no Brasil. O livro não se limita a uma análise histórica. Na verdade, a parte histórica conduz-nos aos debates atuais sobre a responsabilidade civil do Estado por omissão, proporcionando uma base sólida para reflexões críticas. Neste aspecto, demonstrando uma notável capacidade para ligar o passado ao presente, assim enriquecendo a compreensão acerca dos desafios complexos que o instituto convoca. Quando nos damos conta dos desafios enfrentados pelos tribunais ao lidar com ações e omissões estatais, ressalta a necessidade de uma abordagem equilibrada que proteja tanto a esfera pública quanto os direitos individuais. Por estes motivos, este livro não é apenas uma obra acadêmica profunda, mas também uma contribuição significativa para a compreensão do papel e das formas através das quais se podem demandar responsabilidades ao Estado e, bem entendido, dos seus limites. Deste modo, ele é importante para a ciência, para profissionais do direito e para todos os interessados no bom funcionamento da justiça e no justo equilíbrio entre a responsabilidade do Estado, a todos os níveis, e a proteção dos direitos individuais.