O processo de subjetivação do sujeito idoso, analisado nesta obra, insere-se em um acontecimento que marca uma ruptura histórica, pois a colocação desse sujeito no centro de uma produção discursiva está relacionada a um fenômeno social que se instalou no Brasil, assim como já ocorre há mais tempo em países classificados como desenvolvidos: o chamado envelhecimento tardio da população. Constatado a partir dos dados do Censo do IBGE (2010), o aumento na proporção de idosos no quadro populacional do país estaria relacionado, entre outros fatores, à redução da taxa de natalidade, aos avanços da medicina e da farmacologia e a uma melhoria na qualidade de vida, os quais possibilitaram maior longevidade à população. Em vista disso, os autores que assinam esta coletânea debruçam-se sobre o envelhecimento populacional, em nível discursivo, a partir de alguns indícios, como a presença do idoso em diversos espaços de atuação social. Isso o tornou objeto de variados domínios discursivos - como o jurídico, o artístico, o jornalístico, o governamental, o acadêmico - e desencadeou um trabalho de reconstrução de subjetividades para pessoas com mais de 60 anos. Interrogar as relações de poder-saber sobre tal evento discursivo impõe ao analista observar regularidades e rupturas na ordem do discurso, em especial com certas práticas sociais que silenciam ou restringem a velhice aos problemas descritos e tratados pelo dispositivo da área da saúde.