Quem argumenta pretende obter a adesão de um auditório a uma tese. Para tanto, precisa da retórica que, ao invés de ser entendida como um artifício de enganadores, deve ser vista como uma ponte de alteridade. Ela viabiliza que, em assuntos que só comportam probabilidades, as razões sejam consideradas por diferentes auditórios. Envolver-se com a incerteza, com o contexto e com a diferença é, justamente, a chave de leitura da retórica que se propõe na obra. O livro dedica-se, no Capítulo 1, à costura da história da retórica com a do direito, a fim de compreender o presente da retórica forense em processos históricos que lhe dão significação. No Capítulo 2, contrapõe argumentação e demonstração, para justificar racionalidade em discussões que não se resolvem com cálculos. No Capítulo 3, trabalha com a invenção retórica, apresentando perspectivas contemporâneas sobre o ethos, o pathos e o logos. Trata do orador e da credibilidade que ele pode gerar, lida com as paixões, com o auditório e com sua importância no ambiente retórico, para, por fim, centrar esforços na racionalidade discursiva, com o estudo das inferências e da tópica, inclusive com avanço sobre técnicas argumentativas. O livro é um alfarrábio de antigas e novas instruções para construção de pontes de alteridade. Apresenta uma retórica tendente a criar acordos de entendimento entre sujeitos com valores, pensamentos e hierarquias diferentes, em variados contextos. A liberdade e as diferenças de pensamento são muito significativas para a consecução das democracias, e, nesse sentido, a retórica que se defende não é a porta para o engodo, mas um caminho que intercede vivamente em favor da cidadania.