Em Retratos dos anônimos da história no painel romanesco de Inferno provisório, a autora apresenta uma leitura do projeto literário criado pelo escritor mineiro Luiz Ruffato. Tal projeto, formado por um conjunto de cinco romances, é aqui considerado uma “história a contrapelo”, conforme o conceito de Walter Benjamin. A autora preocupa-se em realizar uma reflexão sobre o contexto histórico e social representado na obra de Ruffato, investigando fatos e personagens selecionados pelo autor para figurar em sua pentalogia e como ele a organiza formalmente. Além de situar o trabalho de Ruffato na literatura brasileira contemporânea, Pokulat aponta também Inferno provisório como um romance peculiar na ficção nacional produzida no século XXI, em virtude da história narrada e da forma empregada. Para isso, investe na reflexão em torno de como o autor utiliza a estética do fragmento na montagem de um painel romanesco e a que/quem ele alude em sua versão a contrapelo da história da modernização nacional, valorizando a perspectiva dos trabalhadores brasileiros representados em geral como sujeitos migrantes que se deslocam em busca de empregos. Nesta leitura crítica, é posta em evidência a versão da história olhada pela perspectiva do fracasso do projeto modernizador e percebido por meio da problemática resultante dos deslocamentos geográficos que provocam a dissolução dos laços com a origem e promovem alterações identitárias sentidas na forma do não pertencimento e do desenraizamento. Temas como migração, identidade, modernização e seus desdobramentos perpassam pela análise da pentalogia.