Esta edição da Cult traz uma variante daquilo que se convencionou chamar de fortuna crítica: uma seleção de textos não sobre determinado autor, como é mais comum, mas sobre diversos escritores – no caso, poetas – que tiveram sua literatura analisada na mais longeva revista de cultura do Brasil. A expressão “fortuna crítica” diz respeito ao conjunto de textos – resenhas, artigos, ensaios, livros e teses – que compõe a avaliação de uma obra ao longo do tempo. E por obra, aqui, pode-se entender tanto um título específico, normalmente um clássico (“a fortuna crítica de Dom Quixote, de Cervantes”), quanto um legado literário (“a fortuna crítica de Carlos Drummond de Andrade”). Cada fortuna crítica, porém, tem suas peculiaridades. Um exemplo recente são os dois volumes de Escritor por escritor: Machado de Assis segundo seus pares (Imprensa Oficial), organizados por Hélio de Seixas Guimarães e Ieda Lebensztayn. Em seu todo, os livros correspondem a uma das mais vigorosas fortunas críticas do autor de Memórias póstumas de Brás Cubas. Mas, ao mesmo tempo, eles têm a especificidade de privilegiar textos assinados por escritores e não por críticos ou acadêmicos (embora não faltem aqueles que trabalham nas diferentes frentes), de incluir cartas, textos ficcionais e poemas dedicados ao autor, além de dividi-los em dois períodos – 1908-1939 e 1939-2008 –, de modo a flagrar os diferentes momentos da recepção crítica a Machado. (“Recepção”, aliás, é uma expressão correlata a “fortuna crítica”, com maior ?