Todo mundo sabe que o Brasil é um país Federativo. Mas não sabe que mais de 90% dos países do mundo são unitários. Intencionalmente ou não, esse é um assunto pouquíssimo ensinado e debatido como deveria ser. E quando se fala em país unitário é para desqualificar essa forma de país, relacionando-a com centralização, ou com autoritarismo. Esquecem que, à exceção de Alemanha, Áustria, Suíça e Bósnia Herzegovina, a Europa toda é composta de países unitários. A França é um grande exemplo de país unitário (que não tem estados), de democracia e descentralização. Os estados de nossa chamada federação exercem na administração pública a mesma função que os intermediários, ou atravessadores, exercem no comércio. Não há nada que o estado faça que o município não possa, ele mesmo, fazer. Assim como não há nada que o estado faça e que não haja um órgão de nível nacional fazendo a mesma coisa. São verdadeiras inutilidades. Mantidas a um custo arrasador. Quando o Imperador Pedro II aboliu a escravatura e negou indenização aos escravocratas, viu toda a sua base de governo migrar, imediatamente, para o Partido Republicano, partido que não tinha um deputado sequer. Negócio melhor, impossível: os republicanos receberiam a República - com o apoio dos Conservadores e Liberais -, enquanto estes seriam indenizados com a transformação das Províncias em estados, ou seja, em uma Federação. E esta veio a bordo da República. Poderiam tomar empréstimos no exterior; nomeariam todos os funcionários públicos, os Prefeitos; criariam os Cartórios e toda a máquina administrativa. Entenderam, em suma, que do ponto de vista econômico, a Federação era muito mais vantajosa. Até porque a resistência dos escravos era cada vez mais heroica, exigindo gastos estratosféricos. Baiano continua baiano, mineiro continua mineiro, paulista continua paulista. Mas vamos acabar com a famigerada máquina administrativa das oligarquias regionais: os estados.