A questão que dá origem a este grande livro sobre o movimento comunista internacional nasce de um acontecimento histórico impensável para Marx e Engels e a segunda geração de marxistas europeus que sucederam os pais fundadores - a vitória do socialismo em um só país. E logo na Rússia, um país de desenvolvimento capitalista tardio, quando toda a teoria e a atividade revolucionária até então depositavam suas esperanças na Inglaterra e na Alemanha, como centros de irradiação da revolução europeia. Mesmo Lenin custou a crer na possibilidade de confirmação daquele acontecimento histórico, do qual foi um dos protagonistas. Para Silvio Pons, um reconhecido especialista nestes temas, não se pode compreender os desdobramentos do movimento comunista internacional ao longo do século XX sem examinar o nexo problemático que se estabeleceu desde o seu início entre a União Soviética (o Estado Revolucionário) e os partidos comunistas que se espalharam pelo mundo a partir dos anos 20. Este é o ponto de partida e a pedra angular desta obra de fôlego, que reconstrói os processos de emergência, ascensão, apogeu, crise e colapso do movimento comunista internacional, desde a Revolução Russa até o colapso da União Soviética, passando em revista a vasta bibliografia já produzida sobre o tema e recorrendo a novas fontes disponíveis com a abertura dos arquivos soviéticos, chineses e do antigo Leste europeu. Mais do que uma história do movimento comunista internacional, este livro é uma contribuição maior à compreensão da história do 'curto século XX' e das razões que levaram o comunismo a perder legitimidade e finalmente sucumbir como projeto universal alternativo ao capitalismo. Uma obra para entender o presente também, marcado pelo ressurgimento - em alguns casos diretamente dos escombros do socialismo - de projetos nacionais particularistas em tensão com as pretensões universalistas da ordem liberal (ainda) vigente.