Em 2015, com as comemorações pelos 450 anos da cidade do Rio de Janeiro, a FLUPP fez três provocações. Em primeiro lugar, a FLUPP Pensa - em seu esforço de formar autores e leitores - pela primeira vez não se restringiria à capital. Antes, reconheceria o papel da metrópole para a constituição da cidade. Daí, realizamos um périplo que começou em Duque de Caxias, passou por Itaboraí e terminou na Zona Oeste. Foram 35 ações, com setenta autores, em dezesseis escolas desses três municípios. A outra provocação dizia respeito justamente aos autores. Nesta quarta edição, convidamos escritores com duas diferentes inflexões: uma que partia de trajetórias centrais e outra de periféricas ou populares . Por último, para entender esses quatro séculos e meio de Rio de Janeiro, pedimos aos autores convidados que produzissem um texto literário que investigasse o futuro da cidade, em vez do passado. A proposta, nesta edição, foi a de imaginá-lo daqui a cinquenta anos, quando completará cinco séculos de sua fundação. O resultado é diverso sob muitos aspectos, mas resultou numa perspectiva complexa e instigante sobre o Rio de Janeiro. Chama a atenção o número de ficções distópicas, as quais imaginam um Rio arrasado, vitimado por catástrofes climáticas, conflitos diversos e outros fenômenos mais ou menos naturais. O livro de Thomas Morus lançou entre nós a ideia (e o desejo) de utopia, não deixa de ser sintomática nossa atração por cenários distópicos. Esta talvez anuncie nosso desencanto e desesperança. Mas também pode anunciar nossa convicção (e desejo) na urgência de mudanças, de construções de dissensos capazes de, finalmente, constituir um outro mundo, radicalmente democrático e aberto ao novo.