Segundo volume da aclamada trilogia Ibis do indiano Amitav Ghosh, Rio de fumaça capta um momento crucial na história da expansão do comércio marítimo – o tráfico do ópio da China no século XIX e seus desdobramentos mundiais. As relações entre diferentes nações, que podem definir o futuro econômico do Império Britânico, as guerras pelo controle das rotas e o romance proibido entre um indiano e uma chinesa são os fios da trama. Assim como Mar de papoulas, que inicia a trilogia e foi um dos indicados ao Man Booker Prize de 2008, o segundo livro também mescla a meticulosa pesquisa histórica com uma narrativa emocionante. Em Rio de fumaça, três navios são pegos por uma tempestade inclemente na Baía de Bengala, no século XIX. No Anahita, um comerciante, Seth Bahram, transporta a maior carga de ópio já enviada da Índia para a China. No segundo, o Redruth, um excêntrico caçador de plantas inglês busca a mítica “camélia dourada”. Atingido pelo mesmo infortúnio, o Ibis, navio central do romance, é obrigado a liberar sua carga, composta de escravos e degradados. Dois prisioneiros em especial conseguem escapar: o jovem Neel e seu amigo Ah Fatt, que esconde um segredo que o liga a Seth Bahram. Esses personagens acabarão se encontrando em Fanqui-town, o enclave de estrangeiros em Cantão. Ao longo das páginas, a cidade ganha vida e se torna quase um personagem, com suas ruas cosmopolitas povoadas de figuras exóticas, seus vícios e seus desmandos políticos.