O que o narrador, digo, Narrador deste livro quer mesmo é “outra coisa”. Outra coisa que não o real imediato. Que não o mundo terraplanado, corrompido, prostituído e bolsomorizado. Que não o Brasil-asilo, brasilo. Que não a vida ordinária que ele, Narrador deste livro, vive “se é certo que vive”, poetaria CDA. Que não os limites da prosa, da poesia, da filosofia ou do baralho a quatro. Que não o fcbk – o lado menos book do que face do fcbk. Ex-“aluno-ouvinte do medo e da coragem do mestre Riobaldo”, o Narrador deste livro, discípulo também da avacalhação sganzérlica, nos leva com sua lábia pop-cult a acompanhá-lo até dentro de um mundo turbilhonante e sem saída, como a tarde de um azyllo muito louco durante a semana, inclusive nos domingos e feriados: “Pena que eu não possa dizer a vocês, de um modo convincente, que quem aqui escreve já morreu. Até onde eu saiba, eu não sou um Narrador confiável”. Para que tudo isso, perguntaria, entediado, um leitor (ok, uma leitora, ou um/e leitore, isto é óbvio, também poderia fazer tal pergunta) que também quer outra coisa, neste momento do Brasil e do mundo em que a maioria dos auto-denominados humanos (bem como as auto-denominadas humanas, es auto-denominades humanes etc.) parece só querer mais do mesmo, ainda que esse mesmo venha com aparência, gosto, cheiro, peso, tamanho e espessura de “outra coisa”? Talvez o Narrador deste livro livre passasse a pergunta para o Miguel, seu filho de um ano e pouco, pequeno avaliador de inauditas possibilidades criativas contidasem embalagens de brinquedos. Talvez. Porque as crianças não fingem que sabem algo. Nem fingem querer outra coisa. Ou mostram o que sabem ou nem dão pelota para a pergunta. Vão lá e coisam o que ainda não foi coisado. Ricardo Aleixo