São diversas as reverberações invocadas pelos textos de Maria Lúcia Outeiro Fernandes em torno das comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna. Reunindo nove ensaios, distribuídos em duas seções – “A Semana e a Busca da Identidade Brasileira” e “Reverberações Críticas da Semana” - que podem ser lidos de maneira independente ou interligados, o livro constitui um roteiro de reflexão e de estudo para aqueles que pretendem conhecer os caminhos do modernismo no Brasil, desde a Semana até os dias de hoje. Entre as principais contribuições da autora, merece destaque a ênfase dada aos documentos históricos para a compreensão das propostas modernistas, para o conhecimento dos grupos e desdobramentos e, acima de tudo, para uma abordagem que não descarta as tensões internas nem a pluralidade de tendências do movimento de 1922. As reverberações suscitadas vão fazendo emergir, ao longo dos capítulos, o paradoxo central do movimento que se propôs a romper com a tradição, ao mesmo tempo que buscava nela os procedimentos e as motivações implícitas no projeto de criação de uma arte genuinamente brasileira. Outro destaque relevante são as reverberações de conceitos e procedimentos estéticos que sofreram alterações significativas, ganharam novas funções, mas continuam de certa forma alimentando artistas e escritores contemporâneos, afinados com as novas demandas surgidas no contexto social, as quais vêm impactando, nos últimos anos, a área de Estudos Literários. A linguagem em tom de conversa, ressaltada pelo prefaciador, Alex Dias, assegura uma leitura agradável, que atrai o leitor leigo, não acadêmico, sem prejuízo da profundidade das abordagens e análises empreendidas, ou das necessárias referências às fontes bibliográficas, imprescindíveis num bom roteiro de estudo.