Um encontro marcado com as raízes do nosso imaginário ocidental. Ler este segudo volume de Sagas de Heróis e Cavaleiros é, antes de mais nada, descobrir uma mitologia refinada, dotada de uma riqueza simbólica surpreendentemente atual. Esqueça tudo o que você ouviu falar sobre a Idade Média. Época do medo, das trevas e da ignorância. Durante séculos todos nós fomos levados a acreditar nessas histórias para amantes dos holofotes do esclarecimento. Mas a verdade é um pouco diferente. A Idade Média não foi um tempo morto, prensado entre o esplendor da cultura grecoromana e a engenhosidade da renascença. Na realidade, ela foi um momento de riqueza criativa e de fascinante complexidade cultural. Uma complexidade que teve de esperar um bom tempo até encontrar mãos que soubessem descosturá-la. Mãos de historiadores, como as de Georges Duby, ou mesmo de estudiosos das artes, como as de Umberto Eco. Mas ouvidos também, como os das milhões de pessoas hoje seduzidas pelo canto gregoriano e pelas releituras de temas medievais do grupo Dead Can Dance.A estas mãos ilustres, poderíamos acrescentar as do autor desta coletânea: o escritor e ensaísta Martin Beheim-Schwarzbach. Mãos quase anônimas, que souberam selecionar e reescrever, em uma linguagem acessível, alguns dos mais belos contos da mitologia medieval. São contos que a maioria de nós, brasileiros, só conhece de ouvir dizer. Raros foram aqueles que tiveram acesso à integralidade do texto.Por isso, aqui vai um conselho: se você acha que, ao abrir este livro, verá saltar à sua frente apenas histórias de castelos, cavaleiros solitários, magos e princesas de pele leitosa e olhos azuis-explosivos, esqueça. Ler esses contos é, antes de qualquer coisa, descobrir uma mitologia refinada, dotada de uma profusão simbólica que, ainda hoje, é peça constitutiva do nosso imaginário ocidental. Por essas e outras, a leitura de "Sagas de heróis e cavaleiros" é indispensável.