Até pouco tempo atrás, as “vidas de santos” (ou hagiografias) eram um gênero literário consolidado e popular.
Em nossa sociedade contemporânea, aparentemente secularizada, esse tipo de livro saiu de moda. Hoje, olhamos com um pouco de desconfiança, alguma estranheza e até descaso as pessoas que dedicam suas vidas à Religião, que fazem votos de castidade ou de pobreza, de obediência ou de silêncio. Ao mesmo tempo, entretanto, continuamos religiosamente entregando nossas vidas em holocausto aos deuses que idolatramos. Quem não conhece fiéis do Deus-Consumo, beatas da Deusa-Fama, pastores do Divino-Mercado?
Nesse contexto, essa nova coleção de “Vidas de Santos” é um livro iconoclasta, justamente por não ser uma hagiografia católica tradicional, mas sim um livro leve e divertido, ecumênico e sincrético, escrito especificamente para o público leitor brasileiro do século XXI, sobre o fenômeno social da nossa religião popular. Os Santos Fortes não são necessariamente os mais famosos, os mais devotos, os mais inspiradores, e sim os mais brasileiros. São os nossos Santos de várzea, nossos Santos de raiz, nossos Santos moleques. São os Santos da nossa vida, os Santos das nossas ruas, os Santos da nossa cultura.
São os Santos de todas as nossas religiões. Porque aqui descobriremos que:
• Para o Espiritismo, São João Batista era a reencarnação do Profeta Elias, que depois reencarnou como Allan Kardec;
• Que Iansã é Santa Bárbara, que São Jorge é Ogum e que Oxóssi é São Sebastião (ou vice-versa!);
• Que Santo Antônio é militar de carreira no Exército e que sua última promoção, a Tenente-Coronel de Infantaria, foi assinada por Dom João VI no Rio de Janeiro;
• E até mesmo que alguns de nossos Santos mais Santos na verdade não são Santos (mas é claro que são), como o Padre Cícero.
Conhecer nossos Santos Fortes é conhecer um pouco mais sobre nós mesmos, nossas avós e nossas filhas, nossos medos e nossas prioridades, de onde viemos e para onde estamos indo.
Alex Castro