Este fascinante romance -- escrito originalmente em ídiche -- mescla, a um profundo sentido de fragilidade humana, o terso estilo clássico, a magistral estrutura ética com que constrói uma atmosfera medieval carregada de imagens incisivas de um mundo histórico-social concreto e projeções evocativas de seu espírito e sua cultura. O que aparece é o relato do que aconteceu em Gorai depois que esta aldeia judaica, perdida nos confins da Polônia, foi devastada por uma terrível horda; ao terror e ao martírio os habitantes de Gorai respondem com a esperança não menos irracional de um movimento messiânico que, num combate entre o Sagrado e o Demoníaco, os arrasta quase à total aniquilação. Isaac Bashevis Singer, um dos ficcionistas mais lidos nos Estados Unidos de hoje, é judeu polonês, tendo imigrado em 1935 para a América onde se dedicou ao jornalismo e à literatura. Recebeu o prêmio Louis Lamed e foi eleito para o National Institue of Arts and Letters pelo conjunto de sua obra. Satã em Gorai, uma das suas criações mais originais, suscita, com força extraordinária, um universo fantástico e o jogo diabólico que domina e subjuga as suas personagens, da qual só reponta a libertação através do sofrimento da fé, que faz catarse no espírito do leitor.