No lugar onde hoje se ergue o Hotel Teatro, na baixa do Porto, existiu uma mas mais belas salas de espetáculos da cidade, que abrilhantou a segunda metade do Século XIX: o Teatro Baquet.
Destruído por um incêndio que causou mais de uma centena de mortos na noite de 20 de Março de 1888, perderam a vida nesta tragédia mais de uma centena de pessoas, entre as quais se encontravam, além de gente anónima e de algumas pessoas cujos apelidos de família fazem parte da história da cidade, a famosa mulher homem da Granja do Tedo, uma lendária figura feminina que alimentou a maledicência da cidade antes de se transformar na respeitável esposa e mãe de uma conhecida família portuense.
A fazer fé nos depoimentos das testemunhas da tragédia, registados pela imprensa da época, a origem do fogo estaria na queda de uma gambiarra, que incendiou o pano de boca e o palco e logo se propagou a toda a sala, semeando o pânico e a morte entre os espetadores e o pessoal do teatro que não conseguiram alcançar as portas de saída e salvar-se.
Como é que esta funesta gambiarra saiu do seu lugar e se deslocou tão depressa, desde o meio da sala até à boca do palco, eis dois mistérios que nunca foram explicadas.
Para esclarecer estas dúvidas o autor de O Segredo do Teatro Baquet consultou a farta documentação existente sobre o sinistro e encontrou as pontas de uma interessante meada, a partir da qual urdiu uma história em cujo enredo convivem personagens reais e de ficção, estranhas seitas religiosas, amores não correspondidos, ambições, ciúmes e desejos de vingança, que confluem na perpetração de um assassínio que, porém, culminou numa tragédia inominável, em que a realidade superou, de longe, a mais fértil imaginação, cujo desfecho só viria a ser desvendado, já no século XXI, por um jovem estudioso que descobre descender em linha reta de quem perpetrou o crime e da sua vítima – cujos nomes, aliás, fazem parte da extensa lista dos mortos causados pelo incêndio que enlutou o Porto, há mais de 125 anos.