Esta obra se organiza em torno do tema da educação dos sentidos e das sensibilidades, em uma perspectiva interdisciplinar, porém, tendo a história como fio condutor. Assim, sua principal motivação recai sobre a análise histórica dos processos de formação, seja no âmbito da chamada educação social, de corte não propriamente escolar, ou no âmbito da escolarização. Busca inventariar problemas, suportes empíricos e historiográficos que mereçam a investigação minuciosa, de modo a compreender como se afirmaram, ao longo da história, diferentes maneiras de formar/educar os sentidos e as sensibilidades pelos usos autorizados ou não de diferentes espaços e tempos que ajudaram a forjar uma forma de ser “moderna”, que caracterizou parte significativa das retóricas de legitimação do Brasil e da América Latina. Para isso, centra seus esforços na compreensão de duas histórias que se imbricam, a história do trabalho, aqui incluída a dimensão do lazer, e a história da educação, sobretudo no âmbito das diferentes formas de educação do corpo. Tendo conexões com sólidos grupos de investigação no Brasil e no exterior, o que nos permite dimensionar coletivamente o trabalho de investigação, pretendemos, a partir da articulação destas duas “histórias” – do trabalho e da educação – pensar, então, diferentes possibilidades de formação na história, a partir de uma ênfase sobre a educação dos sentidos e da sensibilidade ao longo da segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XXI. Dessa maneira, se pretende focalizar iniciativas e os esforços que visaram renovar os costumes e as cidades, organizar o mundo industrial, afirmar retóricas de modernização e higienização, acirrar os conflitos sociais, afirmar vanguardas artísticas e todo o ethos moderno e industrial, pautado em noções de educação oriundas dos chamados países “civilizados” da Europa ou dos Estados Unidos.