“Este livro de Raphael Guilherme de Carvalho toma por objeto o processo de construção do lugar do historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) na história da historiografia brasileira. O autor tem o mérito de articular uma abordagem interna – a análise dos textos do historiador em primeira pessoa sobre as práticas do ofício – com as evoluções do contexto do tempo presente brasileiro que balizam sua pesquisa, entre ditadura e redemocratização. O trabalho se inscreve no interesse recente que dirigimos à escrita de si dos historiadores, às suas capacidades autorreflexivas, dimensão essencial da nova reflexão historiográfica, como tematizou Pierre Nora em 1987 com a publicação dos Essais d'ego-histoire.” François Dosse “No caso do arquivo de Sérgio Buarque, não deixa de ser notável o fato de que, por sobre a escrivaninha, com a máquina de escrever e as estátuas dos prêmios Jabuti e Juca Pato – índices da monumentalização –, há uma estante com espaço para novos textos de investigadores que pesquisam a partir da documentação do arquivo, e que, em menor ou maior grau, podem produzir novas leituras dos textos de Sérgio Buarque de Holanda. Preencher essa prateleira e alterar o arquivo Sérgio Buarque de Holanda foi a operação historiográfica realizada por Raphael. A história da historiografia, o pensamento social no Brasil, a história do Brasil e os estudiosos de Sérgio Buarque de Holanda ganham e também se alteram com Sérgio Buarque de Holanda: escrita de si e memória.”
Robert Wegner
Prêmio Capes de Teses 2018 Menção Honrosa