No trabalho de foguista do Purus conheceu a linha toda, cada trapiche, cada ponto de lenha. Gostava do serviço no calor da caldeira, de andar pelo convés, dos ajudantes, de falar com os caboclos daqueles pontos mais escondidos. Gente que lidava com a juta, talhando seringa ou tirando lenha. Na sua primeira viagem encontrou no trapiche de Óbidos um guarda-livros que tinha vindo de muito longe e ficava olhando o rio e dizendo: – É um sertão d’água esse lugar... Sabá gostou tanto daquele modo dele falar: “sertão d’água”... “sertão d’água”... Foi também nessa primeira viagem que conheceu Maria Pipira exibindo os seios fartos num vestido de gorgorão azul moqueando a piramutaba e servindo aos passageiros e ao comandante Fontenele, enquanto o Purus aguardava a estiva. Ofereceu de longe a cuia, chamando. Ele foi, ela gostou, chamou pros fundos. Na rede se tiveram a primeira vez, daquele dia em diante virou rabicho. Na baía de Aramanaí, a vez primeira que viu os tapuios em muitas montarias ladear o Purus com os corpos pintados de jenipapo e urucu, ajaezados de penas, gritando ritmado. Imaginou guerra à toa, era festa deles. Adelmo riu de Sabá, enquanto moldava a balata no formato do macaco. Rapinha era nascido na Jaroca, mas falava que tinha sido criado na Ponta do Jariúba trabalhando barro. Adelmo ria: – Por isso os tamanhos pés, igual curupira... tal qual... tal qual... Sempre me fascinou a literatura regional: o conto, a poesia, o folclore, o romance. O mapeamento do Brasil, através dos escritores, está em minha estante.