O novo romance biográfico de Silvino Patente Neto, Sertão Sagrado: rio e vozes nos imerge em um ronco saudoso de rios que trazem-nos a “sensação de um sabor de família”, e revela como “a vida é jocosa, cheia de traquinagens e tristonha em toda parte”. É na narrativa da família que descobrimos como as dores, as alegrias e as memórias andam lado a lado com a responsabilidade de cada um que carrega o sobrenome Patente. Cada membro traz dentro de si outra saga e podemos ver, de forma sensível, como cada trajetória se entrelaça com a história de seu ancestral, seja compartilhando exemplo de resiliência, seja na intensidade dos amores e decepções. Da Condeúba do início da década de 1920 (terra de coronéis), passando pelas margens do Rio Pardo, no cuidar do gado e da fazenda, Minas Gerais e Bahia se cruzam entre sonhos e destinos. Os ares de sertão de rédea solta, os lugares ermos, “a curva dos campos cerrados” são o cenário para todos os filhos que cumprem com lealdade “o bonito lema do povo de Rio de Contas”. Podemos ousar e dizer que a obra é um mergulho no rio que passava, mas agora já passou. Muitas vezes a travessia é perigosa, cansativa, alguns o rio leva, outros conseguem chegar às margens em segurança, mas só quem é banhado pela narrativa sabe que nadar neste rio é, sim, resistir.