Para Oakeshott (1901-1990), o desafio específico dos historiadores é deixar de lado quaisquer preocupações de ordem prática ou ideológica em sua abordagem do passado, pois uma das maiores ilusões do ser humano é a crença em sistemas que nos levarão à perfeição final numa terra prometida. Desafio extremamente difícil, porque geralmente nosso interesse predominante não está na História em si, mas na política retrospectiva, e temos a tendência a transformar sistemas filosóficos em evangelhos. Sobre a História (1983) reúne cinco ensaios do pensador inglês que abordam temas centrais da ciência política, como a natureza da História, o primado da lei e a luta pelo poder inerente à condição humana. Oakeshott se destaca entre os filósofos políticos modernos por ter levado até os limites do entendimento humano suas dúvidas quanto aos fundamentos racionais. É um equívoco, porém, classificá-lo como cético; ao contrário, sua compreensão da liberdade decorre do fato de acreditar que não estamos condenados a “obter e gastar” — à “dança macabra das necessidades e satisfações” — e que existem diferentes maneiras de respondermos ao mundo. A original abordagem histórica deste pensador inglês foi forjada pela leitura de Sócrates, Santo Agostinho, Montaigne e Hobbes, mas ele não entendia os clássicos como repositórios de conhecimentos e lições de uso prático, e sim como introduções a modos de pensar. Introdução: Timothy Fuller / Introdução à edição brasileira: Evaldo Cabral de Mello / Tradução: Renato Rezende.