“Os primeiros [demônios] a se apresentar ao combate são aqueles encarregados dos apetites da gula, os que nos sugerem a avareza e os que nos estimulam a procurar a glória humana. Todos os outros caminham atrás destes, recolhendo aqueles que eles feriram. [...] Em poucas palavras, não é possível que alguém sucumba ao demônio sem antes ter sido ferido pelos assaltantes da primeira fileira. É por isso que foram estes os três pensamentos que o diabo outrora apresentou ao Salvador, convidando-o primeiramente a transformar as pedras em pães, prometendo-lhe em seguida o mundo inteiro se Ele se prosternasse para adorá-lo, e em terceiro lugar dizendo-lhe que, se Ele o obedecesse, seria glorificado por não sofrer dano algum de tal queda”.
Evágrio (345–399) cresceu no Ponto, região na costa meridional do Mar Negro. Era filho de um arcebispo de Ibora, cidade não muito longe de onde vivia a família de Basílio, o Grande, que o ordenou leitor em cerca de 371. Evágrio acompanhou Gregório de Nazianzo a Constantinopla, onde foi nomeado arquidiácono e participou do Segundo Concílio Ecumênico (381). Depois de servir como diácono, ingressou na vida monástica, estabelecendo-se em Kellia, no Baixo Egito. Lá, ele foi aprendiz de dois importantes Padres do Deserto, Macário Egípcio e Macário Alexandrino.