O texto que aqui apresentamos ao público leitor é um Manual de Sociologia. Queremos com esta afirmação deixar claro que não pretendemos produzir qualquer documento definitivo oumodelizador dos conhecimentos desta área disciplinar, mas apenas uma interpretação possível daquilo que foi e é uma das ciências que constituem a tessitura do social. Há nele a modéstia de quem considera que a obra produzida tem o destino de qualquer empreendimento científico do social: a pátina do tempo se encarregará de a avaliar. É neste sentido que os seis primeiros capítulos não podem ser vistos como uma mera história da disciplina. Eles são, em nosso entender, a melhor forma de expressar o que é a linguagem sociológica e o que define o património dos sociólogos contemporâneos. Na segunda parte deste manual, e navegandopelo rio do social, optámos por descrever e ilustrar temas de duas margens em momentos particulares do percurso, referindo algumas das pontes que a descida do rio permite perspectivar. As terceira e quarta partes do manual discutem questões que preocupam os actores sociais desde tempos imemoriais. Depois de equacionado o património linguístico e temático da disciplina, e configuradas as balizas teóricas em torno das quais gravitam as diferentes perspectivas, era forçoso considerar o tratamento de alguns temas que pela sua centralidade e pelo seu impacto definissem o próprio espírito da disciplina. Em conclusão, este é, sobretudo, um manual de três diálogos justapostos: com o passado, do qual herdámos a tradição que estabelece o léxico que nos norteia e dirige; com o presente, de um corpo discente que sente e experimenta a redescoberta de debates intemporais; por fim, com um futuro, construído com base num ideal universitário de tochas de luz descobridora de caminhos.