Semana de 40 horas, aposentadoria aos 60 anos, evasão escolar, trabalho doméstico contestado...: o que fazer com o tempo livre? O lazer é uma de nossas grandes obsessões e, no entanto, permanece mal conhecido: suas dimensões reais estão escondidas na representação dominante, estereotipada e mítica de suas relações com o ´trabalho´ e outros compromissos sociais. O desconhecimento de tais relações na dinâmica das mutações culturais e sociais de nosso tempo torna a reflexão teórica ilusória e a política cultural, cega. O lazer não se traduz em tempo liberado pelo progresso econômico e pela reivindicação social. Ele é também criação histórica, oriundo das mudanças dos controles institucionais e das exigências individuais. Inteiramente condicionado pelo consumo de massa e pela estrutura de classe, o lazer está se tornando cada vez mais o centro da elaboração de novos valores, sobretudo nas gerações mais jovens: põe em xeque as regras do trabalho profissional e escolar, a vida familial, socioespiritual e sociopolítica. O lazer deu origem a um movimento social que começa a sacudir e modificar não apenas as estruturas da sociedade, mas, de modo mais radical ainda, as orientações da própria vida. Tais são alguns problemas de pesquisa que J. Dumazedier focalizou de um modo tão incisivo e pioneiro no fim da década de 1970 e que tornou a Sociologia Empírica do Lazer uma obra clássica no tema, internacionalmente estudada e debatida. No Brasil, a sua importância foi de tal ordem, que uma das entidades mais preocupadas em nosso país com os problemas do lazer e de suas funções sociais, que é o SESC, não só apoiou a primeira edição dessa obra, como volta a apoiá-la nessa reedição, pelo valor que atribui às idéias e propostas nela contidas.