SOL DAS ALMAS - SONETOS E POESIA VARIA

O anoitecer e, em geral, a noite parecem ocasião propícia à eclosão de, às vezes vagas e indefinidas, inquietações psíquicas. Cessadas as atividades às vezes estafantes do dia, é como se o homem de ação, voltado inteiramente ao mundo exterior, se visse de repente a sós com ele próprio, às voltas com um sentimento de insegurança quanto à utilidade e a firmeza do que constitui a sua vida. É a hora em que seria presa de visões não raro aterradoras, pressentimentos e temores do que venha ou possa vir a acontecer, frágil e instável como é a vida. À noite - e até precisamente à meia-noite - é quando sobrevém e se manifesta o agourento corvo de Edgar Allan Poe, ou se delineia o reino dos seres endemoninhados, das bruxas e dos animais fabulosos da saga do Fausto. Não é o tema específico destes sonetos, mas guarda com eles alguma similitude. As nossas vidas têm também o seu ocaso. Caso em que o 'Sol das Almas' lembra a poesia.