Freqüentemente nossa política externa é arrogante, cruel e ameaça se voltar contra nós de modos terríveis. Nossa definição consumista de prosperidade está nos matando e talvez matando o planeta. Nossa democracia é um embaraço para o mundo, um antro de burocratas entrincheirados e subornos legais. Nossa mídia é uma desgraça para o sagrado conceito de liberdade de imprensa. Nossas preciosas liberdades civis estão sob cerco, nossa economia está nos dividindo entre ricos e pobres, nossas principais atividades culturais são fazer compras e assistir à televisão. E, por fim, nossas elites empresariais e políticas insistem que nosso modelo também deve ser o modelo do mundo, através das glórias da globalização liderada pelas corporações." - Mark Hertsgaard A SOMBRA DA ÁGUIA, de Mark Hertsgaard, aborda um dos temas mais discutidos na mídia mundial atualmente: o fascínio e o ódio que os Estados Unidos provocam pelo mundo. Antes do 11 de setembro, Hertsgaard, jornalista americano, realizou diversas entrevistas durante uma viagem entre a África, Ásia e Europa que revelaram um alerta para americanos e antiamericanistas. Entre altos executivos, adolescentes japoneses deslumbrados pela cultura americana ou fundamentalistas islâmicos, um ponto dominava os relatos: a ambivalência. Os entrevistados mostravam-se encantados e desconfiados, admirados e incomodados, temerosos e invejosos. Esse complexo catálogo de impressões - boas ou más, mas nunca indiferentes - é o ponto de partida para um aguçado estudo que segue as tradições de The culture of complaint, de Robert Hughes e The fate of the earth, de Jonathan Schell. Em entrevista ao jornal carioca O Globo, Mark se mostrou impressionado com a ignorância dos EUA sobre o resto do mundo, revelando que "foi feita uma pesquisa entre americanos de 18 a 24 anos pedindo que selecionassem num mapa alguns locais da Ásia Central. Só 14% dos entrevistados acharam o Iraque".