Não é eficaz querer compreender o consumidor sem lançar vários olhares às mudanças desencadeadas nos sistemas de valores, mentalidades, aspirações e opiniões. O que exige permanentes revisões sobre o estado de tais mudanças. Somos aquilo que consumimos por muitissimas razões: porque ao mudar o trabalho, muda o consumo; porque na hiperescolha somos implicados a sermos competentes para não haver o risco de nos afundarmos nas compras permanentemente anacrónicas e até ficarmos sobreendividados; porque estamos muito inquietos com o futuro do Estado-Providência e temos uma nova leitura dos serviços financeiros;porque os problemas actuais dos consumidores do mercado dão pelo nome de ciberespaço, do comércio justo e do consumo responsável e estamos finalmente a perceber que o consumo é o motor do aquecimento global e que vamos ser profundamente afectados pelos novos desafios energéticos; porque consumimos numa sociedade em rede o que nos dá a dimensão da compra em tempo real que suscita novasobrigações para as práticas comerciais; porque a habitação é hoje a questão maior das nossas escolhas... Somos aquilo que consumimos fala de tendências de consumo, dos jovens no mercado, mas também dos seniores e dos desafios culturais do nosso tempo. Trata-se de um pequeno ensaio que tem a aspiração de lançar os consumidores na vertigem de descobrirem que o seu estatuto, mais do que empolgante, define as grandes escalas de valores com que nos olhamos, nos sentimos indivíduos e procuramos a representação social.