O livro estabelece como unidade de análise os recíprocos agenciamentos das substâncias psicoativas, das trajetórias dos sujeitos e dos eventos de consumo. Afinal, “ter um barato” é também um aprendizado, e não tão somente efeito bioquímico da substância. Por meio de sua autoetnografia, Maurício procura ultrapassar o divisor epistêmico entre ciências médicas e ciências sociais. Substâncias, sujeitos e eventos são descritos no plano da experiência concreta e vivida: das sensações epidérmicas à alteração da consciência, do prazer ao desprazer, o autor constrói, por dentro, crônicas originais, minuciosas, perspicazes e elucidativas do uso de álcool e outras drogas.“… além de seus aspectos bioquímicos e, ao mesmo tempo, não limitado aos contextos sociais que o cercam”: assim Mauricio Fiore propõe compreender o consumo de drogas. Mais especificamente o uso de álcool, maconha, cocaína, crack, LSD e cogumelos por dois grupos de amigos com os quais conviveu no bairro de sua infância e adolescência e, depois, na universidade, durante sua juventude. Vale dizer que os dados principais da pesquisa são conversas gravadas com os sujeitos já adultos, alguns pais de família, contrapostas às análises das trajetórias compartilhadas de consumo de drogas. Se houve atravessamento de limites de um chamado “uso problemático” de substâncias, eles não deixaram consequências vitalícias para esses sujeitos. Na verdade, carreiras de consumo como as analisadas neste livro são mais comuns do que aparentam.O livro estabelece como unidade de análise os recíprocos agenciamentos das substâncias psicoativas, das trajetórias dos sujeitos e dos eventos de consumo. Afinal, “ter um barato” é também um aprendizado, e não tão somente efeito bioquímico da substância. Por meio de sua autoetnografia, Maurício procura ultrapassar o divisor epistêmico entre ciências médicas e ciências sociais. Nos presenteia ainda com deliciosas crônicas de consumo coletivo em relatos não confessionais, mas também não distanciad