Cigarros e cervejas e logo era meio dia. O bar, pouco a pouco, tomou forma. Um sábado de verão é sempre uma boa pedida para arranjar algo em um lugar público. Grupos de mulheres, de amigos e casais se acomodavam nas mesas. Eliza. Merda! Tomei um trago dos bons para esquecer aquela maldita deliciosa. Ligar para Fernanda seria uma solução para os meus tormentos. Levantei e paguei a conta. Não resisti aos meus impulsos e fui visitar Eliza. Cheguei de surpresa. Ela estava de pijama. Foi receptiva dessa vez. Entrei em sua casa. Apreciar a quem se ama é como admirar a paisagem à beira de um penhasco e depois cometer suicídio se jogando sobre as pedras. Nunca entendi como os ratos caíam nas armadilhas. Admirando Eliza, tudo fazia sentido. Devagar, degustei aquele momento. Abracei-a. Eliza entendeu o ritmo. A beijei, não havia escovado os dentes, mas não era isso que eu buscava. Grudaria em seu corpo, mesmo se estivesse toda cagada. Me joguei na ratoeira e no penhasco. Era uma pequena satisfação, que crescia de instante a instante. Olha, vale a pena viver. Ela pegou a minha mão, me levou até o quarto. Uma cena em câmera lenta. Nossos dedos deslizavam por nossas peles umedecidas. Nossas línguas criaram nós. Eu acariciava o seu cabelo. Parava de beijá-la e contemplava a sua face. Ela tinha pequenas e quase inexistentes sardas que se escondiam, onde só era possível ver de muito próximo. Nossos olhos se cruzaram e nossas almas se inverteram. Senti os seus lábios. Os lábios da freira que eu transei em uma missa de sétimo dia. Nossas pernas se entrelaçaram. Deitamos, meu corpo forçou o dela no colchão. Eliza se sentiu sem ar por um momento. Tirávamos nossas roupas lentamente. Nossos ouvidos estavam tapados para qualquer barulho externo. Eu sentia o seu coração, o sangue passeando por suas veias e sua excitação; sua essência. A leveza da sua brisa natural. Como uma manhã de outono em que ainda podemos ver neblina e tomamos um café sentindo um ar frio entrando em nossos pulmões. Nus, colocamos o cobertor por cima de nossos corpos e deixamos a luz acesa.