Certo pai de família dizia-me recentemente quanta decepção sentia por não ter podido encontrar em minhas obras alguma coisa que equivalesse, ou quase, ao Código Civil que, ao menos, informa com precisão sobre a natureza e a qualidade das sanções que convêm ser aplicadas em todas as circunstâncias previsíveis. Tenho a temer que esse novo livro decepcione mais ainda o nosso leitor. Em questões de Educação, as coisas, de fato, não são simples: primeiramente porque o objetivo não consiste em julgar coisas acontecidas, mas antes, em agir sobre o que há de vir; em seguida porque toda solução educativa exige que se tenha em conta não somente a pessoa daquele que se pretende educar, mas também a própria pessoa do educador, como ainda as reações de cada uma dessas duas pessoas, uma sobre a outra. rnrnPara nós, o essencial em tudo isso “reside” portanto, na maneira de tratar tais questões; trata-se, antes de mais nada, de cultivar um certo modo de pensar que possa vir a ser oportuna não interessa de qual assunto se trate, contanto que se ponha em causa direta ou indiretamente, a criança. Este é, a nosso ver, o melhor meio de nos dispormos convenientemente a defrontar as mais diversas situações, enquanto um tratado metódico em que o autor tencionasse abranger todos os casos debater-se-ia com invencíveis obstáculos que lhe criariam tanto a complexidade das circunstâncias como a dificuldade de prover-se dos dados necessários, sempre restando muitos inteiramente desconhecidos. Por isso é que muito mais vale nos servirmos do raciocínio matemático do que decorar uma infinidade de problemas solucionados, sem lhes penetrarmos o espírito.