Há exatos 90 anos, num Rio de Janeiro acossado pelo medo da gripe espanhola e sacudido por greves inspiradas nos princípios da Revolução Russa, acontecia à primeira competição internacional de futebol no Brasil. O Sul-Americano de futebol simplesmente parou o Distrito Federal. Faltou lugar no recém-construído estádio das Laranjeiras para receber a multidão ávida pela novidade do futebol. A conquista do título se tornou uma questão de honra. Era o início de um sentimento que criaria a chamada "pátria de chuteiras", o início de um processo que levaria o futebol a ter um papel determinante na construção de uma identidade nacional. A partir da vitória dramática sobre os uruguaios, o esporte-bretão passaria a representar muito mais do que uma recreação das elites. Com a sua apreensão indistintamente por negros, brancos e mestiços, o Brasil começaria uma espécie de revolução que a retrógada e racista República Velha, que então governava o país, se negava a fazer. Numa edição de luxo, ilustrada por fotos inéditas da época, o jornalista Roberto Sander tenta explicar aquele momento fundamental da nossa história. Assim sendo, cria um painel variado dos acontecimentos daquele período, sem perder de vista, evidentemente, o essencial: as quatro vitórias do Brasil que fizeram com que, como nunca, sentíssemos orgulho de ser brasileiro.