“OSUSnão funciona!”Ou, “OSUSnão tem médicos, não tem leitos e as pessoas morrem aguardando atendimento em suas enormes filas de espera”.O leitor reconhece alguma familiaridade nessas falas? Por certo, sim. Muitos brasileiros, alguma vez, já se viram impotentes diante de um sistema de saúde incapaz de suprir toda a demanda que lhe é dirigida. Sem descurar dessa triste realidade, convido-o a uma reflexão mais profunda. E se não tivéssemos oSUS? Como se daria o atendimento aos mais de 100 milhões de usuários diretos desse sistema? Seria oSUS, de fato, um sistema falido, ou existem programas e ações em saúde eficazes, mas que são escondidos pela mídia?E, o mais importante: por que? Por que oSUSnão consegue atender plenamente o direito à saúde, distanciando-se de seus próprios princípios, como a universalidade, igualdade e integralidade? Quais os entraves e os desafios que fazem dele um sobrevivente em meio às investidas políticas e econômicas historicamente dirigidas para a sua completa destruição? A que interesses atende toda essa conjuntura voltada ao desmantelamento daquilo que se tornou o maior sistema de saúde pública no mundo?Tendo como pano de fundo os ideais da Reforma Sanitária Brasileira e perpassando por temas como subfinanciamento da saúde, saúde suplementar, terceirização de serviços públicos, “PEC dos Gastos Públicos”, entre outros tão verberados e que questionam a eficácia do direito à saúde por meio doSUS, a presente obra propõe-se a responder a essas e outras tantas questões que envolvem o Sistema Único de Saúde, desnudando a sua face vitoriosa e lançando luzes, tal como um raio de esperança, a uma outra realidade, pouco explorada em termos de saúde pública, mas que em muito pode contribuir para a qualidade de vida da população e para a própria sustentabilidade financeira do SUS: a bioética latino-americana e seus pressupostos em torno da justiça sanitária.