Maria Assunção apresenta, neste livro, aos pesquisadores em Artes Cênicas, aos amantes da crônica e aos admiradores do Teatro Brasileiro, uma visão inédita do consagrado crítico Sábato Magaldi. Investigando a imprensa carioca dos anos de 1950 a 1952, a autora revela a importância da prática jornalística por ele desenvolvida no início de sua carreira como formulação do que era e do que poderia ser o teatro no Brasil, mas põe também em discussão conceitos fundamentais das artes cênicas. Nestes textos de Magaldi, aparecem contingências do próprio gênero crônica, mesmo quando funcionam como crítica teatral, que os tornam peculiares. São escritos que não temem revelar o gosto do observador, suas preferências, os parâmetros que lhe orientam o olhar. Na formação inicial do professor, em suas leituras, no apoio teórico a que recorre, vai-se configurando uma proposta dialógica, preocupada em levar em conta a recepção do espectador, aberta a receber com disponibilidade eventuais heresias , que irá se manter por toda a carreira. Maria Assunção, baseada em extensa documentação original, mapeia os principais responsáveis pela cena teatral do Rio de Janeiro naquele momento, como Silveira Sampaio, Jayme Costa ou Bibi Ferreira. Evidentemente, Nelson Rodrigues não poderia faltar, com toda a polêmica que desperta nos primeiros momentos do seu teatro. Justamente pela controvérsia que as primeiras peças do dramaturgo provocam, o posicionamento crítico de Magaldi, disposto sempre a enfrentar cânones e preconceitos, revela-se, desde os textos no Diário Carioca, exemplar ao reunir reflexão consequente à ausência de arrogância ou dogmatismo. Bons tempos em que um pensador intitulava seu texto de Apontamentos Banais.