A atriz e organizadora Christiane Tricerri diz que o intuito da obra é organizar toda a história teatral do grupo, e dar unidade e coerência àquilo que per si já nasceu sem essas características: "pois, como disse Woody Allen, o ornitorrinco é a prova de que Deus tem senso de humor, e no humor a lógica inexiste para dar lugar à imaginação, à transgressão e ao prazer." "O livro é a continuação da festa e da celebração que dão significado a toda a nossa obra", afirma. A arma perfeita O Grupo Ornitorrinco foi criado em abril de 1977 por Luiz Roberto Galízia, Cacá Rosset e Maria Alice Vergueiro e ganhou destaque pelas encenações provocantes, lúdicas e inovadoras, cheias de deboche e efeitos pirotécnicos. "Surgidos durante um regime nada favorável à livre expressão, donos de espontaneidade irreprimível e irreverência combinada com inteligência, seus integrantes souberam fazer uso do sarcasmo com maestria. Talvez por isso mesmo tenham provocado imediata identificação num público que via naquele palco eco e reflexo de um sentimento coletivo e, naquele contexto, a ironia parecia ser a arma perfeita", escreve o diretor-presidente Hubert Alquéres na apresentação do volume. Ornitorrinco: bicho esquisito Organizado cronologicamente ao sabor das montagens da trupe, muitas delas memoráveis, o livro tem um vasto material iconográfico que reúne fotos de cena, croquis de cenários e figurinos, reproduções de programas de espetáculo, cartazes e críticas das peças publicadas pela imprensa. O livro ainda recupera a memória de figuras importantes do grupo falecidas precocemente, como o ator e diretor Luiz Roberto Galízia (1952-1985) e o ator Chiquinho Brandão (1952-1991).