A presente Antologia cobre assim, e exemplifica, a produção dramática ao longo de exactos quarenta anos (1857-1897), através da selecção de peças referenciais de José de Alencar, Machado de Assis, Franklin Távora, França Júnior e Artur Azevedo, num conjunto de géneros e estilos que vão do drama à comédia e até ao pujante teatro musicado. Para lá das características de cada peça e de cada autor, e reconhecendo-se que nem sempre a evolução é linear na afirmação de uma nova estética e de uma nova expressão dramática, realça-se a visão sempre objectiva e não raro crítica da sociedade brasileira, analisada, aí sim, com sentido de poderosa realidade. E mais: a evolução social corresponde a um período de transformações, mudanças e desenvolvimento com características muito claras e concretas, comuns a todas as peças antologadas. Assim, desde logo, a contemporaneidade e a inserção dos conflitos pessoais e subjectivos num movimento de modernidade económica e social, que tem como pano de fundo o constitucionalismo imperial e o progresso e o inicio da industrialização, sem esconder, entretanto, as contradições de uma sociedade desigual e até ainda escravocrata. Depois, a transformação de uma sociedade rural em urbana, com a criação da poderosa centralidade que constitui o Rio de Janeiro («a Corte») e o seu poderosíssimo poder de atracção. A nível de expressão teatral, um sentido poderoso do espectáculo, nem sempre acompanhado de idêntica objectividade e «realismo» da linguagem.