Em 1099, os cruzados da primeira cruzada chegavam ao fim de seu longo périplo e tomavam Jerusalém, a cidade onde se encontrava o sepulcro de Cristo. Da Ásia Menor ao Egito, conquistaram terras em detrimento dos principados turcos da Síria e do sultanato fatímida (do nome de sua dinastia) do Egito. Desses territórios fizeram quatro Estados latinos: o condado de Edessa, o principado de Antioquia, o condado de Trípoli e o reino de Jerusalém. A partir de então, era preciso defender esses Estados. Inicialmente, foi nesse contexto oriental que nasceu a ordem religiosa e militar do Templo, por volta de 1120. Em Os Templários, Alain Demurger, especialista em Idade Média da Universidade de Paris - Panthéon-Sorbonne, tece um profundo estudo sobre uma das famosas e misteriosas ordens religiosas da História. A Ordem do Templo é o primeiro exemplo de uma criação original da cristandade medieval do Ocidente: a ordem religiosa e militar. No século XII, durante o movimento da reforma gregoriana e da cruzada, o novo cavaleiro de Cristo, tal como São Bernardo o enalteceu, pronuncia os votos do monge, vive segundo uma regra, mas atua na vida secular. E de que maneira! Pois, em nome de sua fé, ele combate, mata e morre. Criada para proteger os peregrinos da Jerusalém reconquistada pelos cruzados, a Ordem do Templo estendeu sua missão à defesa dos Estados latinos do Oriente e, depois, à Espanha da Reconquista. A acusação brutal que sofreu, em 1307, pelo rei da França, Filipe, o Belo, foi seguidade um processo iníquo e de sua extinção, em 1312. A Ordem do Templo tornou-se o bode expiatório de um conflito que estava além dela e foi exacerbado na França pela personalidade do rei e de seus conselheiros: o conflito entre um poder espiritual na defensiva e o Estado moderno que se afirma no Ocidente desde meados do século XIII. "A bibliografia do Templo é superabundante, mas cientificamente duvidosa", escreve o autor.