Nós, brasileiros, reconstruímos o Estado de Diereito, agora Democrático, no país. Comemoramos, em 2008, os 20 anos da promulgação de Constituição Cidadã, que converteu todos os direitos de Declaração da ONU em direitos legais no Brasil. O processo de reconstrução da democracia brasileira não teria sido possível se não fôssemos capazes de superar de forma duradoura o autoritarismo e nos comprometer com a liberdade. Ao longo dessa trajetória, tem sido necessário, cada vez mais, enfrentar as nossas próprias tradições. Não há como consolidar a democracia no país se não nos distanciarmos reflexivamente de nosso próprio passado. Precisamos olhar criticamente nossa história, suas revoluções "pelo alto", seus múltiplos episódios de violência institucional, e seus macanismos de exclusão e discriminação. 'Tempo negro, temperatura sufocante - Estado e sociedade no Brasil do AI-5' é um livro que nos permite sentir orgulho por termos nos reapropriado do espaço público da política; mas, especialmente, trata-se de um texto que nos ajuda nessa importante tarefa de refletir criticamente sobre um tempo de dor, asfixia e desesperança. Ao longo dos seus capítulos, verificamos como a violência institucional do estado autoritário que se instala no Brasil a partir de 1964 atuou sobre a cultura, a imprensa, as escolas, as universidades públicas, o governo e a administração, o mundo da economia e do trabalho, o campo e a cidade.