Datada de 1845 e redigida em francês, esta Teodiceia ou Tratado Elementar da Religião Natural e da Religião Revelada integrava-se no ambicioso Cours d?Études que Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846) iniciara alguns anos antes, em Paris, com um compêndio de Economia Política (1836), a que se sucedera a versão francesa das Noções Elementares de Filosofia Geral (1841) e um manual de direito público, administrativo e das gentes (1845-1846), constituindo, ao mesmo tempo, a sua derradeira obra especulativa, que, de certo modo, completava e coroava o sistema de pensamento que expusera nas Prelecções Filosóficas (1813), no Ensaio sobre a Psicologia (1826) e nas referidas Noções Elementares. A morte do filósofo terá impedido a publicação deste tratado, cujo original francês se conservou inédito, até agora, na Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa (ms. 1113), o que explica que a presente edição compreenda dois volumes, um contendo a transcrição do respectivo manuscrito e o outro a sua versão portuguesa, com eles se concluindo a edição da obra especulativa do pensador português. A presente Teodiceia reveste-se de significativa importância não só no conjunto da obra silvestrina como no âmbito mais vasto da reflexão filosófica portuguesa oitocentista, por inaugurar uma linha de preocupações especulativas em torno da ideia de Deus e da filosofia da religião que vai dominar o nosso pensamento a partir do início da segunda metade do século XIX, sendo posições doutrinais idênticas às aqui defendidas que irão servir de ponto de partida das atitudes críticas subsequentes de Amorim Viana, Cunha Seixas e Antero, as quais serão depois contestadas por Sampaio Bruno e Basílio Teles.». In editorial