Após uma análise exaustiva e séria, quer das concepções teóricas sobre educação quer das suas realizações práticas, esta obra permite-nos constatar a grande distância que medeia entre o modo como se pensa e a forma como se experiencia a educação. O estudo do pensamento e da acção educativa de alguns investigadores-pedagogos (Freinet, Dewey, Paulo Freire, Olivier Reboul), que procuraram ultrapassar esta distância, leva-nos a compreender que as causas deste desfasamento se situam no contexto de uma tradição cultural construída a partir das prioridades ditadas pelo projecto das Luzes. Uma vez que a procura de diluir/atenuar este desfasamento entre pensamento e acção educativa passa pela recontextualização desta tradição cultural, a autora lança-se na aventura de investigar o pensamento de um autor - Richard Rorty - que concebe uma cultura recontextualizada, a cultura poetizada. Esta, enquanto uma cultura que promove o ambiente cultural de uma racionalidade mais abrangente, promove tambémuma aproximação das concepções às práticas educativas, uma vez que sugere que o princípio referente e unificador do sistema educativo não é uma concepção de educação escolar, mas uma concepção de educação permanente e comunitária.