Laurence Passmore, ele próprio admite, tem tudo na vida: uma exitosa carreira de roteirista de séries para a televisão, um casamento estável e uma vida sexual ativa, filhos criados e bem encaminhados, uma bela casa e um carro fantástico, uma boa saúde e a possibilidade de tirar férias quando e onde quiser. Mas um incômodo descontentamento o acompanha a maior parte do tempo. Quando uma dor no joelho direito surge e se mostra uma companheira permanente, a existência de Passmore se desequilibra e ele mergulha no que parece ser uma crise existencial sem fim, que nem a fisioterapia, nem a terapia cognitivo-comportamental, nem a acupuntura ou a aromaterapia são capazes de resolver. Neste que é seu mais aclamado romance, David Lodge, premiado e festejado autor britânico, nos brinda com uma cativante e bem-humorada história sobre insatisfação e sobre a busca pelo bem mais intangível de todos: a paz de espírito. Impossível não se identificar com o protagonista, sua depressão e seu exasperante autocentramento, que o levam a uma hilária obsessão pelo filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard. Ao passo que a literatura cômica muitas vezes se mostra superficial, Lodge consegue aqui o feito admirável de abordar temas sérios e universais como a depressão e a crise existencial com iguais doses de graça e compaixão. Para este exímio mestre da narrativa, inteligência e humor andam de mãos dadas, e o caminho para a cura e a redenção passa por aprender a rir de si mesmo.