As pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Investigação Fonoaudiológica em Fonologia (LIF - Fonologia) do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo são referência nacional e internacional nos Transtornos dos Sons da Fala (TSF). A coordenadora do laboratório e orientadora das pesquisas, Profa. Dra. Haydée Fiszbein Wertzner, junto às autoras Márcia Mathias de Castro, Danira Tavares Francisco, Luciana de Oliveira Pagan Neves, Tatiane Faria Barrozo (ex-orientandas de mestrado e doutorado), apresentam à Fonoaudiologia, especialmente à área de Ciências da Fala, o Teste de Estimulabilidade dos Sons da Fala (TESF) desenvolvido para o Português Brasileiro. Este grupo vem pesquisando diversos aspectos importantes da avaliação e diagnóstico dos TSF, e até o presente momento não há um teste desta natureza disponível para a avaliação de crianças com TSF falantes do Português Brasileiro. O TESF é de grande relevância para a Fonoaudiologia, pois traz ao clínico e ao pesquisador, e também ao estudante de Fonoaudiologia, a proposta de uma testagem complementar e indispensável nos casos de crianças com TSF. Este teste foi elaborado e aplicado em crianças falantes do Português Brasileiro, mas ele também pode ser utilizado para avaliar adolescentes e adultos com alterações de fala, podendo, futuramente, ser alvo de pesquisa nestas populações. A avaliação da estimulabilidade dos sons da fala permitirá ao clínico identificar a capacidade da criança de realizar ou não a produção de um som ausente do inventário fonético, a partir de pistas sensoriais (auditiva, visual e tátil) do terapeuta. Isso quer dizer que, dos sons ausentes, ele identificará quais sons são estimuláveis ou não estimuláveis. O TESF está organizado em um Manual Introdutório que traz importante revisão de aspectos teóricos quanto ao conceito e definição sobre estimulabilidade dos sons da fala, e também apresenta as pesquisas desenvolvidas sobre o tema, bem como discussões e evidências da importância de avaliar a estimulabilidade dos sons da fala em crianças com TSF. A apresentação das etapas da construção do protocolo do TESF, desde a seleção das palavras e sílabas para o teste, a forma de aplicação e os critérios de análise do mesmo, bem como os procedimentos de normatização e os resultados, foram cuidadosamente descritos, de acordo com os dois estudos realizados pela primeira autora. Nestes estudos, alguns aspectos ficaram evidentes que influenciam na estimulabilidade dos sons da fala, como: idade; aspectos sensoriais e motores; classes de sons; vizinhança fonética; entre outros. O TESF é um instrumento de aplicação fácil e rápida, com evidências em pesquisas apresentadas pelas autoras de que é efetivo para a avaliação da estimulabilidade dos sons da fala. O Manual de Aplicação oferece ao clínico subsídios para justificar a aplicação do TESF, informações sobre o levantamento do inventário fonético e a seleção dos sons ausentes, os quais passam a ser considerados na testagem como som(ns) alvo(s) no TESF. O clínico pode optar por aplicar dois tipos de provas: TESF Palavras e TESF Sílabas. As orientações de aplicação do TESF e as planilhas de preenchimento de registro e pontuação dos resultados são muito didáticas. O fluxograma para a aplicação do TESF e os critérios de pontuação são apresentados neste Manual de forma clara e com exemplos práticos. O cálculo do Índice de Estimulabilidade do Som da Fala (IESF) é realizado para cada som alvo, ou seja, para cada som ausente testado. Assim, o clínico tem parâmetros para identificar se o som é estimulável ou não estimulável. A testagem da estimulabilidade dos sons da fala é importante na decisão da abordagem terapêutica. Alguns estudos indicam a escolha de sons estimuláveis, pois, mesmo que estes possam se desenvolver com a idade, são perceptualmente mais salientes e serão mais generalizáveis no tratamento. Outros estudos sugerem a escolha de sons não estimuláveis, pois estes requerem atenção focada para a percepção e a produção, e provavelmente não serão desenvolvidos com a idade. Há propostas terapêuticas indicadas pelas autoras do TESF que utilizaram como critério de escolha sons estimuláveis ou não estimuláveis para o tratamento. A apresentação do TESF à Fonoaudiologia transformará o cenário clínico e de pesquisa na avaliação e terapia dos TSF. As possiblidades de aplicação são amplas, pois pode ser utilizado em casos de Transtornos de Linguagem associados aos TSF em crianças, bem como em alterações desta natureza em adolescentes e adultos. A elaboração deste livro e as pesquisas realizadas com o TESF atestam a qualidade e o rigor técnico-científico do instrumento para a Ciência da Fala. Agradeço às colegas autoras o convite e a oportunidade de apreciar o TESF em primeira mão. Fiz este prefácio com muito cuidado e carinho, colocando-me como o(a) fonoaudiólogo(a) que buscará aqui respostas para muitas questões que são intrigantes e desa