Se eu não fosse a filha mais moça de Chiquinha e José, não teria recebido uma educação tradicional de um lado e europeia de meu pai, filho de portugueses.
Se não tivesse caído da árvore aos 11 anos, não saberia tão cedo que nada é garantido.
Se não tivesse perdido dois anos de escola, não teria estudado no Mackenzie e conhecido pessoas especiais.
Se não tivesse sido apresentada a Modesto por meu cunhado Fernando, não teria meus dois filhos, Sofia e Jai Mahal e 36 anos de casamento.
Se não tivesse sido apresentada a Aurélio Martinez Flores, pela Edla van Steen, não teria feito a sociedade que resultou na loja A&O – Arte e Objetos, possível também graças aos meus padrinhos, Marina e José, que tinham me dado um terreno que pude transformar em dinheiro.
Se não fosse Arruda Botelho, não teria participado da utopia que foi reerguer o Pinhal com Modesto durante trinta anos.
Comecei a trabalhar e tive contato com outra realidade – o mundo foi se abrindo: amigos, livros, música, discussões - entrei para um grupo de mulheres para discutir a realidade brasileira, liderado por Ana Corbisier e Florisa Verucci. Frequentei a Escola Brasil – pude me experimentar em Arte.
Entrei para a FAAP. Frequentei a escola de Ivaldo Bertazzo. Fiz Taichi com o mestre Liu por oito anos. Participei dos grupos de Paulo e Lauro Raful, estudiosos do Gurdjieff, durante doze anos.
Passei por vários mestres. Em Arte, frequentei o atelier de Helio Cabral e Nelson Nóbrega. Hoje vou ao atelier de cerâmica de Sara Carone e às aulas de Paulo Pasta. Faço meditação com Ciça Alves Pinto e Carlos de Carvalho. Acrescento minha gratidão a Nelson Motta Mello.
Pertenço a dois grupos de pintura, um deles o PIGMENTO, liderado por Marcelo Salles e Márcia Gadioli, da CASA CONTEMPORÂNEA; o outro tem voo próprio – é o QUARTAS, somos dez.
Lembrando Ferreira Gullar, que disse que o Homem é um bicho que se inventa, se nada dos “ses” tivesse acontecido, eu seria outra pessoa.
Vou nascendo aos poucos.
E aqui estou para celebrar a vida e suas manifestações.
HELENA CARVALHOSA