Pascal Bruckner, autor de 'A euforia perpétua', traça em 'A tirania da penitência' um ensaio sobre o masoquismo ocidental. Em um texto extremamente original e polêmico, o escritor francês (cujo romance Lua de fel foi adaptado para o cinema pelo diretor Roman Polanski), através de análises políticas, culturais e filosóficas, analisa de forma lúcida e surpreendente a tendência da Europa contemporânea a se comportar de forma autoflagelatória. "'Arrependam-se!' Por trás do hedonismo proclamado, eisa mensagem que a filosofia ocidental nos martela há meio século, ela que pretende ser ao mesmo tempo uma palavra emancipadora e a má consciência de seu tempo", escreve Bruckner. "O que ela nos inocula, em matéria de ateísmo, é na verdade a velha noção do pecado original, o antigo combustível mais forte que o sentimento da falta, quanto mais os filósofos e sociólogos se proclamam agnósticos, ateus, livre-pensadores, mais prolongam a crença que recusam. Como dizia Nietzsche, as ideologias laicas,em nome da humanidade, supercristianizaram o cristianismo e reforçaram sua mensagem." O escritor e tradutor Caio Meira, que assina as orelhas, afirma que "um dos eixos principais do livro recai sobre a polaridade que, apesar de interna ao Ocidente, tem conseqüências radicais para o mundo como um todo: de um lado, os EUA - única superpotência mundial, bastião de uma democracia tanto arrogante quanto desmesurada, o "colosso fanfarrão" - que se arvoram, aparentemente isentos de toda a culpa, a governar o mundo de forma quase que unilateral; do outro lado, a Europa, lúcida, mas roída por séculos de guerras e chacinas, remoendo as chagas decorrentes do colonialismo que destruiu, escravizou, submeteu, dizimou, saqueou e violou não apenas homens e mulheres, mas também populações inteiras.