As 34 narrativas reunidas em 'Todas as Festas Felizes Demais' marcam a estréia literária de Fabio Danesi Rossi. São contos e aforismos; textos lineares caracterizados pelo humor elegante, uma certa ironia, uma visão levemente amarga da vida. Embora as histórias sejam todas independentes, há alguns temas que atravessam o livro de ponta a ponta: os absurdos latentes nos hábitos e costumes do dia-a-dia, as controvérsias do amor, a inexorabilidade da morte. No conto que dá nome à obra, por exemplo, esses temas são costurados por um narrador em primeira pessoa que ao apresentar sua vida ao leitor em diferentes momentos festivos, da infância à idade madura, oferece, a um só tempo, o retrato da decadência humana - e a consciência de que este é o destino a ser cumprido pelo homem - e a imagem do inevitável apego à própria existência, anualmente renovado. Em 'Todas as Festas', tudo o que parecia familiar revela-se um tanto quanto estranho, e o que era estranho nunca deixa de nos surpreender. Fabio Danesi Rossi "é ingenuamente debochado. Misterioso de tão claro. Usa sua pureza para atacar. Prepara voz de criança para declarar as verdades mais doloridas e cruéis. Apronta voz de adulto para descrever fábulas infantis. As tramas são diretas, didáticas no espanto e até previsíveis, mas irradiam original malícia em breve fio de saliva, em máximas cuidadosas e ágeis, captando metamorfoses irreverentes e monstruosas. Aqui, a barata de Kafka se transforma novamente em homem" - diz o poeta Fabrício Carpinejar no texto da orelha.