Todos os olhos: videovigilâncias, voyeurismos e (re)produção imagética, livro de Bruno Vasconcelos Cardoso, acaba de ser lançado pela Editora UFRJ e aborda o fenômeno cada vez mais comum da vigilância por câmeras no espaço público urbano. Com enfoque na prática da vigilância eletrônica policial no Centro de Comando e Controle da Polícia Militar do Rio de Janeiro e na sala de monitoramento do 19º Batalhão da Polícia Militar, em Copacabana, a obra é resultado de uma pesquisa de doutorado, defendida como tese em maio de 2010.O autor, contudo, não para por aí, e analisa também o fenômeno da produção e disseminação das imagens captadas pelas câmeras privadas, como celulares e smartphones, imediatamente publicizadas nas redes sociais e nos programas de compartilhamento de imagens.No livro, Cardoso se debruça especialmente sobre as transformações na maneira como os humanos se relacionam com as imagens, com os meios técnicos que possibilitam essas relações e as estruturas de poder em que se inserem. Assim, policiamento, (in)segurança, tecnologia, imagem, comunicação, poder, crime, violência, espaço público, controle, flagrante, voyeurismo, criação e exibicionismo são os grandes temas que, inter-relacionados, perpassam o livro. A descrição rica e reflexiva que Cardoso faz de seu trabalho de campo, realizado em 2008, nos revela as surpresas, os disparates, os deslocamentos, os conflitos e os contrastes que se dão entre o projeto ideal e o efetivo trajeto da videovigilância policial em sua atividade. A pesquisa mostra também que a estética, o gozo e o prazer muitas vezes ocupam o lugar das funções de controle e segurança visados na videovigilância policial e constituem uma outra visão, denominada pelo autor de "videovoyeurismo".