As doenças neurológicas e psiquiátricas têm se tornado cada vez mais frequentes. Em parte, esse fenômeno se explica pela maior expectativa de vida que se associa ao aumento nas taxas de processos neurodegenerativos, como a doença de Parkinson e a demência do tipo Alzheimer. Já a alta quase explosiva no diagnóstico de doenças psiquiátricas – como a depressão, o transtorno do espectro do autismo, os transtornos de ansiedade e o transtorno do estresse pós-traumático –, permanece pouco esclarecida, ainda, gerando perplexidade e controvérsias. Por um lado, questionam-se interesses de grupos (como da indústria farmacêutica) e a visão por demais normatizadora e enrijecida do comportamento e das emoções, que atribui valor patológico ao sofrimento e aos desafios próprios da trajetória humana. Por outro lado, os hábitos de vida do homem contemporâneo vêm sendo responsabilizados pelo maior adoecimento psíquico. De fato, o sedentarismo, o empobrecimento dos vínculos afetivos e sociais, o excesso de informações, a baixa exposição à luz, a privação crônica de sono, a exposição a produtos industrializados (conservantes, corantes, aromatizantes, agrotóxicos, poluentes, por exemplo) são fatores que podem se associar a processos neuroplásticos, inflamatórios e epigenéticos, ainda pouco compreendidos em sua relação com o sistema nervoso central.
O homem teve seu cérebro moldado por mecanismos adaptativos no decorrer de milhões de anos de evolução. Entretanto, as transformações dos últimos séculos, além de ainda muito recentes, têm-se mostrado cada vez mais impermanentes, de modo a, biologicamente, constituírem sempre novos desafios à capacidade fisiológica de ajuste. O transtorno mental poderia, assim, resultar de respostas maladaptativas, frente a contextos não previstos, ou seja, que não fazem parte do repertório de situações para as quais o cérebro humano foi funcional e estruturalmente elaborado.
Além de relevantes, pela alta prevalência, as doenças neurológicas e psiquiátricas sã